Meu traficante favorito

Eu não escolhi essa vida, mas ela me escolheu. Nasci e cresci em uma das favelas mais violentas do Rio de Janeiro. Desde pequeno, já sabia que o mundo ao meu redor era complicado e perigoso. Fui criado em um ambiente de extrema pobreza e violência.

Quando começou a adolescência, eu comecei a ver a vida de forma diferente. Sempre achei que não tinha muita perspectiva nessa vida, porém, sempre tive a convicção de, pelo menos, tentar viver o melhor possível. E viver o melhor, para mim, incluía ter amigos, ter respeito e, principalmente, sentir que eu pertencia a algum lugar.

Foi então que conheci o meu traficante favorito. Claro que, na época, eu não sabia que ele era traficante. Para mim, ele era só mais um moleque da favela, como todos os outros. A gente se conheceu na escola e ele logo virou meu melhor amigo. Ele sabia como me fazer rir, como me ouvir quando eu precisava desabafar e como me mostrar que eu não estava sozinho no mundo.

O tempo foi passando e eu fui me aproximando cada vez mais dele e da turminha do tráfico. Eu não sei explicar o porquê eu fiquei tão próximo daquela galera, mas tenho certeza de que a falta de perspectiva de uma vida melhor teve bastante influência nessa escolha.

O meu traficante favorito me apresentou para um novo mundo. Um mundo em que a droga fazia parte da rotina de todo mundo e em que a violência era comum. Eu tinha consciência dos riscos envolvidos em me associar com um traficante, mas ele nunca me pressionou para entrar no mundo do tráfico. Ele sempre me deixou à vontade para encarar essa vida ou não.

Com o tempo, eu comecei a entender a dinâmica do tráfico de drogas. Eu via as movimentações dos carros de polícia, as tiroteios ocorrendo nas ruas, os corpos sendo levados por ambulâncias e eu sabia que a minha vida estava em risco. Eu tentava me manter longe das situações perigosas, mas nem sempre conseguia. Era como se o meu destino estivesse amarrado ao tráfico.

Foi nessa época que eu percebi que essa vida não era para mim. O meu traficante favorito já havia se envolvido com coisas pesadas, como assassinatos e sequestros. Eu sabia que ele tinha escolhido aquele caminho por conta própria, mas eu não queria seguir o mesmo caminho.

Eu comecei a me afastar dele e dos outros amigos da turma do tráfico. Foi uma escolha difícil, mas necessária. Eu queria uma vida melhor, uma vida fora da favela, longe da violência e do tráfico de drogas. Queria uma vida em que eu pudesse escolher o que eu queria ser e onde eu quisesse ir.

Hoje em dia, não falo mais com o meu traficante favorito. Ele continua no mundo das drogas e eu me afastei para não ser mais um número na estatística da violência na cidade. A minha escolha por uma vida mais tranquila e segura não foi fácil, mas foi a melhor escolha que eu já fiz. Eu não me arrependo de ter tido um traficante como amigo, mas também não me arrependo de ter tomado a decisão de me afastar e escolher uma vida diferente.

Conclusão

A vida nas favelas é muito complicada e cheia de riscos. Quando a gente não tem perspectiva de um futuro melhor, muitas vezes acaba entrando no mundo do tráfico de drogas. Escolher uma vida assim não é fácil, mas muitos jovens acabam fazendo essa escolha por diversos motivos.

Eu tive um traficante como amigo e sei bem as dificuldades que essa escolha traz. Foi a minha amizade com ele que me permitiu ver o mundo do tráfico de drogas de perto e escolher uma vida diferente para mim. Hoje em dia, eu sei que fiz a escolha certa e que, apesar de todo o risco envolvido, era necessário seguir em frente e buscar uma vida melhor.